A exposição, curada por Cristina Rossi, apresenta nas salas 37 a 40 do primeiro andar 100 obras de Arden Quin, em diálogo com 63 peças realizadas por mais de 50 artistas contemporâneos.
“Carmelo Arden Quin é uma figura central da cultura do Rio da Prata” – afirma Andrés Duprat, diretor do Museu de Belas Artes. “A mostra que o Museu dedica ao artista percorre retrospectivamente sua obra plástica e poética, além de situar sua produção em uma trama que explora os diferentes grupos que ele integrou ao longo do tempo. A exposição permite descobrir a vitalidade de um criador que reafirmou seu compromisso com uma arte plural e lúdica.”
A exposição abrange desde os primeiros passos das investigações de Arden Quin e a experiência posterior do grupo MADI – com Rhod Rothfuss e Martín Blaszko, entre outros artistas –, até seus anos em Paris, quando se relacionou com pares europeus, norte-americanos e latino-americanos, para formar finalmente o grupo MADI Internacional.
“A hipótese curatorial” – explica Rossi – “sustenta que a visão integradora deste artista foi o motor que impulsionou a construção de uma rede que, ao mesmo tempo, lhe permitiu manter a vitalidade de sua proposta.” A exposição toma como ponto de partida seu vínculo precoce com Joaquín Torres García: “Desde 1935, Arden Quin ampliou seus horizontes para as ideias de vanguarda, entendendo a importância do trabalho coletivo e da criação de suas próprias revistas para a circulação das ideias e propostas estéticas”, detalha a curadora.
Dessa forma, a mostra percorre desde sua participação no comitê editorial da Arturo. Revista de artes abstratas, até a fundação da publicação literária Ailleurs; desde a nascente formação que deu origem às apresentações do Movimento Arte Concreto Invenção (MACI), até o grupo MADI; do Centre de Recherches et d’Études MADI da rue Froidevaux, até a portenha Associação de Arte Novo; de seu retorno definitivo a Paris, até sua projeção no extenso movimento MADI Internacional, todos espaços nos quais Arden Quin desempenhou o papel de catalisador das relações colaborativas, enumera Rossi.
Como explica a especialista, “O relato curatorial se apropria do jogo de formas e palavras traçado em 1984 que, como seus poemas móveis, mistura formas geométricas, superfícies planas, perfuradas ou curvadas, formatos de moldura recortada, obras articuladas, transformáveis e coplanares, que se foram desdobrando no universo lúdico de sua arte MADI.”
O conjunto de obras que compõem a mostra provém do legado do artista, do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, e de outras instituições públicas e privadas, como o MACBA, o MALBA e o Museu Sívori. Também foram cedidas peças por empréstimo de mais de 20 colecionadores privados.
1947, Óleo sobre Madera, 75,5 X 52,8 cm
Carmelo Arden Quin (Uruguai, 1913-França, 2010)
Influenciado por Joaquín Torres García, em 1936 criou suas primeiras pinturas com formas irregulares. Cofundou a revista Arturo em 1944 e fez parte do Grupo Madí; destacou-se em exposições em Buenos Aires e Montevidéu. Em Paris, se relacionou com artistas como Jean Arp. Incorporou o collage e o découpage em sua obra até 1971, quando retornou à pintura.