Del Cielo a Casa

Conexões e intermitências na cultura material argentina
23/03— 30/07/23 MALBA

Fotografías de Santi Orti.

Como em um arquivo do cotidiano, a exposição reúne mais de 600 peças, entre objetos, obras de arte e documentos, que constituem a vida cotidiana argentina. A proposta é uma abordagem etnográfica que, além da autoria ou dos processos, convida a explorar a cultura material a partir dos usos, costumes, rituais e simbolismos gerados pelas coisas em uma sociedade.


"O entrelaçamento de objetos, espaços de vida e obra, tece uma rede de sentido ampliada: nos conecta emocionalmente com o nosso próprio a partir de uma porção desse arquivo da vida comum onde o design, a arte, a indústria e a história se hibridam. Nos convocam a viajar para um passado próximo, para evocar novamente os eventos e os anseios de futuro que ali se inscreveram", destaca a equipe curatorial, um grupo multidisciplinar formado por historiadores, designers gráficos e industriais, arquitetos e editores responsáveis pelo conceito e pela montagem da exposição.


Uma série de constelações temáticas articula o percurso, onde as coisas são agrupadas sem cronologia, hierarquias ou distinção de disciplinas, transgredindo assim os limites do uso e desfocando a fronteira entre arte e design. A exposição abrange três grandes zonas: a identidade do território, o design fora dos cânones e as vicissitudes políticas, sociais e econômicas do nosso país.


Do Céu à Casa não propõe uma historiografia do design argentino, mas sim um ensaio sobre a vida em comum condensada nas coisas: das grandes visões utópicas à vida cotidiana, de um helicóptero a um tênis, do stent à bola Pulpo. "Coisas para a vida", segundo a definição do vanguardista projetual Gerardo Clusellas (1929-1973).


As peças provêm de diferentes arquivos e coleções públicas e privadas do país. Destaca-se a coleção do Museu de Arte Moderno de Buenos Aires, instituição pioneira que, em 1963, deu ao design visibilidade pública ao exibi-lo como produção cultural e ferramenta de desenvolvimento. Também se soma a Fundação IDA (Investigação em Design Argentino), uma fundação sem fins lucrativos criada em 2013 e dedicada à pesquisa, recuperação, conservação, divulgação e valorização do design nacional.


A abertura de Do Céu à Casa ocorre sessenta anos após a primeira exposição de design na Argentina (CIDI, 1963), e coincide com o quadragésimo aniversário do retorno da democracia no país, um ponto de inflexão na nossa vida social e institucional.


Equipe curatorial: Adamo Faiden, Leandro Chiappa, Gustavo Eandi, Carolina Muzi, Verônica Rossi, Juan Ruades, Martín Wolfson e Paula Zuccotti.


EMPRÉSTIMO DE OBRA

Suarez, Pablo

Tempos de Guerra

1982 Oleo S_ tela 158 X 120 cm

Pablo Suárez (Argentina 1937-2006)
Ingressou na Faculdade de Agronomia, mas se dedicou à arte como autodidata. Sua primeira exposição foi em 1961 na galeria Lirolay. Participou do Instituto Di Tella e do Tucumán Arde em 1968. Nos anos 70, se retirou para San Luis e Córdoba, onde adotou um estilo realista. Nos anos 80, retomou uma abordagem crítica de denúncia social que funde humor, arte popular e realismo grotesco. Nos anos 90, influenciou artistas do Centro Cultural Rojas. Recebeu, entre outros, o Prêmio Costantini em 1999.


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